A incorporação de tecnologias implica na necessidade de renovação constante das práticas de cuidado. O enfermeiro necessita de fundamentos teórico-práticos que o auxiliem na tomada de decisão de julgar clinicamente, pela adoção ou não de novas tecnologias. As fraldas para adultos são uma dessas tecnologias transpostas para a prática da enfermagem sem as devidas considerações de indicação de uso, tempo, processo ou produtos adequados. Fraldas para adultos é o termo identificado na literatura como descritor nas bases de dados, definido pela Biblioteca Virtual em Saúde como "absorventes higiênicos destinados a serem usados como cuecas ou forros de calças por adultos". A definição de absorventes, por Medical Subject Headings / Mesh, destinados a serem usados como roupas íntimas, calças ou enchimentos, é apresentada por adultos. Porém, na prática, o nome do produto popularizado é fralda geriátrica, embora não seja usado apenas em idosos. Nesse contexto, as fraldas têm a função de absorver o fluxo urinário e/ou fecal. Devem ser indicados para adultos e idosos com incontinência ou restrições de mobilização severas, que impossibilitam o uso de utensílios de auxílio ao controle da eliminação urinária e intestinal. No entanto, existe uma lacuna na literatura sobre instrumentos que os auxiliem na avaliação de critérios sistematizados para uma indicação válida do uso de fraldas. Assim, sua adoção na prática de enfermagem torna-se corriqueira e empírica. Estudo brasileiro com o objetivo de avaliar as principais tecnologias aplicadas pela enfermagem no controle urinário identificou que 42,3% dos pacientes adultos e idosos hospitalizados faziam uso de fraldas, seguido de drenagem por cateter externo (34,6%), cateterismo intermitente (19,3%) e cateterismo supra púbico (3,8%). Outro estudo internacional de revisão sistemática identificou como principais estratégias de controle da eliminação urinária: a promoção da continência e o controle urinário. Ele apontou os programas de treinamento comportamental e o uso de absorventes geriátricos (pads), como as principais medidas de tratamento da incontinência urinária, com redução de custos econômicos. A terapia medicamentosa, como complemento ao treinamento comportamental combinado, tem apresentado melhoras efetivas em curto prazo. Assim, adaptações do ambiente físico e técnicas de treinamento de pessoal podem ser necessárias a médio prazo para melhorar os resultados. Um estudo domiciliar mostrou que, entre as várias categorias de custo, os materiais absorventes eram os mais caros, respondendo por 63% dos custos totais do paciente para o manejo da incontinência urinária. Da maioria, 84% eram mulheres, relataram cargas adicionais de lavanderia (19% dos custos totais) e 12% relataram limpeza adicional a cada semana para incontinência urinária (12% dos custos totais)). No ambiente hospitalar, mesmo não sendo uma prática invasiva, de baixo custo em relação a outras tecnologias, sua prática se disseminada no cotidiano, banaliza e impede avaliar os riscos muitas vezes associados ao uso de fraldas. A literatura relata como complicações primárias: dermatite associada à incontinência (CDI), úlceras de pressão (PS), dor e desconforto e piora da incontinência urinária. Também apresenta riscos associados à baixa autoestima, além de aumentar o risco de infecção nosocomial. Sabe-se também que a incontinência tem repercussões no bem-estar social e mental do idoso, podendo afetar significativamente a piora da qualidade de vida, relatada em 81% das pacientes com incontinência urinária que relataram sensações como: frustração, vergonha, preocupação, perda de autoconfiança, ansiedade e tristeza, que foram os mais recorrentes). A dermatite associada à incontinência (DCI) é a principal complicação do uso indiscriminado de fraldas. Consistem em alterações cutâneas causadas por uma combinação de fatores: irritação da urina e das fezes, maceração produzida pela umidade e calor local. O contato prolongado com a fralda molhada com urina aumenta a permeabilidade da pele a irritantes como o pH do ambiente, e aumenta a atividade de proteases e lipases fecais, que são os principais irritantes e são responsáveis pelas alterações. Estudos indicam uma menor tolerância à fricção e pressão na população de usuários de fraldas, levando a um maior risco de ulceração, desconforto e dor). A infecção do trato urinário também apresenta risco aumentado pelo uso de fraldas, definida como trato urinário alterado e caracterizada por sintomas associados à presença de bactérias na urina. Os principais microrganismos que desencadeiam essa condição fazem parte da flora transitória do períneo, o que remete às reflexões relacionadas à importância da higiene íntima, e ao autocuidado das pacientes no uso de fraldas. Esses microrganismos podem ser representados por Streptococcus faecalis, Proteus mirabilis, Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli. Além disso, há estudos sobre a percepção da equipe de enfermagem nas trocas de fraldas que a descrevem com sensação de invasão de privacidade, sendo uma técnica repetitiva e estigmatizada. Com isso, o uso diário nas práticas hospitalares reflete a falta de cuidado adequado da família - que antes da internação - não fazia uso das fraldas em casa, mas as utilizava sem a devida transposição dos cuidados hospitalares para o domicílio). Por outro lado, a manutenção do leito limpo aparece como fator relevante para os indivíduos que sugerem o uso de fraldas como promotora de bem-estar, conservadora de autonomia, poupadora e promotora de tranquilidade aos pacientes. Devido às limitações motoras, o uso de fraldas pode ser considerado necessário para indivíduos que se sentem mais confortáveis com menos manuseio, e esperam que as fraldas evitem vazamentos no leito e diminuam a frequência de trocas. Idosos também relatam uma forma de facilitar o trabalho da equipe de enfermagem, uma vez que está se identifica como dependente de cuidados e - utilizando esta tecnologia - diminui as solicitações à equipe, o que aumenta sua restrição no leito). Dessa forma, observa-se a lacuna em protocolos que estimulem a tomada de decisão, corroborando um cenário de pacientes heterogêneos fazendo uso das fraldas. A partir disso, supõe-se que os enfermeiros não apresentem critérios para a escolha do uso de fraldas, como estratégia de controle urinário em adultos e idosos hospitalizados. Portanto, este estudo tem como objetivo analisar a prática do uso de fraldas em adultos e idosos no ambiente hospitalar.